quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Educar é Preciso


Lendo um jornal chamado Folha Metropolitana, seção de Variedades, a matéria 'O suposto racismo de Monteiro Lobato' me deixou abismada, estarrecida e outros superlativos.

Trata-se da ação contra a presença da obra "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, em escolas públicas, que se arrasta desde 2010, pelo fato da narrativa fazer referência à personagem Tia Nastácia como "macaca de carvão" e essa expressão motivou o Conselho Nacional de Educação a recomendar a retirada do título do Programa Nacional Biblioteca na Escola, por puro racismo.

Tal Conselho deveria deixar esse julgamento para os juristas, que consideram relevante o 'negro' e irrelevante o 'pele vermelha' e o 'amarelo'. 

A Educação nunca poderia se ater a uma paleta de cores. Deveria, sim, formar educadores que ensinem a ler

As crianças são desprovidas do sentimento de preconceito. A elas deve ser dada a oportunidade de conhecimento, isento de posturas 'shiitas'. Algumas regras são fundamentais para a absorção da leitura, como considerar o momento histórico dos fatos e se manter nesse contexto.

Ao invés de ensinar, os educadores, incentivados pelo CNE, descarregam pobreza de espírito e de sabedoria, sobre os alunos.

Peço a Monteiro Lobato que os perdoe. 

"Eles não sabem o que fazem".

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Ignorância e Felicidade






Duas irmãs rechaçadas, de convivência pouco provável, a Ignorância e a Felicidade são almas gêmeas.

"Ter saúde, ser ignorante e chupar jabuticaba no pé" foi a maneira quase primitiva que o psicanalista Flávio Gikovate usou, para sugerir a felicidade.

A falta de informação nos aquieta a alma, não nos deixa em estado de alerta quanto às movimentações financeiras no mundo, nem nos faz desesperançosos sobre a cura de um mal físico, ao contrário, nos revigora, ofertando-nos o presente.

"Se você não sabe o que não é possível, então tudo é possível" (Vaguen)

sábado, 25 de agosto de 2012

AAAHHHH !



É isso aí, dá vontade de berrar, de surtar....

Deu na Internet: 

A fulana nasceu mulher, fez cirurgia, migrou para o sexo masculino mas é gay, casou-se com um homem, teve um filho e o amamenta!
Pergunta que não quer calar: não era mais fácil deixar tudo como estava?
Por essas e outras é que eu tenho o maior respeito pelo meu cachorro.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Meu Aniversário


O melhor do calendário é o dia do meu aniversário.
O lado bom da história é não precisar mais comer do enorme bolo de chocolate que minha madrinha trazia todos os anos.
Quando a data se aproximava, era uma alegria só. Eu nem dormia direito na véspera. 
O presente mais esperado era do meu padrinho, sem dúvida. 
As amigas da minha mãe me davam roupa, roupa. Roupa não é presente. Roupa é roupa! 
Ficava como um manequim de vitrine, sem poder brincar para não sujar a roupa nova, esperando que aparecesse o maior número possível de pessoas para devorarem o bolo de chocolate da madrinha.
O bolo era cortado, pontualmente, às seis da tarde. Eu nunca soube o motivo. 
A mesa era posta sobre a melhor toalha, melhores pratos e copos e bem no centro, um prato de vidro todo decorado aguardava a chegada do bolo. 
Minha mãe fazia bombocados, brigadeiros e comprava guaraná. Eu me sentava à mesa sozinha e ficava admirando aquela paisagem deliciosa, torcendo para que a madrinha esquecesse o bolo.
A cada toque da campainha saia correndo para atender a porta e eis que um deles anunciava a madrinha, escondida atrás do pacote. Era o bolo...
Apagavam-se as luzes e o padrinho iniciava a cantoria do "parabéns a você".
Quando minha mãe me dava o primeiro pedaço de bolo começava o martírio. A primeira garfada era na cobertura e o que vinha depois não dava pra comer. 
Enquanto todos repetiam com os olhos fechados e caras de muita satisfação, eu desejava uma varinha de condão para fazer desaparecer o bolo com prato e tudo.
O sabor e o cheiro eram terríveis. Eu sabia que nem todo chocolate era ruim daquele jeito, o Sonho de Valsa e o Diamente Negro eram tão gostosos!
Que raio a madrinha colocava naquele bolo?
Anos depois, na adolescência, numa festa de casamento, experimentei a mesma sensação e não me contive. Perguntei os ingredientes do bolo e descobri o nome do vilão, repudiado pelo meu paladar na infância. Rum era o nome da coisa
Finalmente, eu soube quem era o entrão em todas as minhas festas e que fazia do dia mais lindo do calendário, o dia do "meu adversário".

terça-feira, 17 de julho de 2012


Língua difícil

Como se a Língua Portuguesa fosse fácil, o pessoal de marketing, intencionado em sofisticação, anda fazendo umas apelações que fogem totalmente ao sentido etimológico de certas palavras. Na matéria "Suzano promove degustação de livros na Flip 2012", publicada no Diário Empresarial de 12/07/12, temos a palavra degustar, cuja origem refere-se a 'avaliar pelo paladar'. Caso a celulose esteja sendo consumida na gastronomia, retiro o meu comentário.

Enviei essa carta para o jornal porque não aguento o massacre que fazem com a Língua Portuguesa.
Passada a fase do holocausto com a nossa Língua, quando gerúndio era usado na primeira pessoa do 'presente-indicativo-do-futuro' (vou estar fazendo, vou estar ligando, vou estar anotando), temos de conviver com a 'perfumaria' que o pessoal de marketing 'asperge' sobre os textos.

O dicionário de etimologia está lá, vai lá e procura saber, antes de criar estratégias mirabolantes para deixar o produto 'palatável'.

Ainda mais celulose... arghhhh

Tipos de abraço... algum pode ser o seu


O Roberto Shinyashiki escreveu a "Terapia do Abraço" e eu fiz algumas constatações, ao longo de anos, abraçando e sendo abraçada por gente muito chata. 
Pior do que "beijo no coração", são alguns abraços.
Você dá um abraço no fulano e ele se esquece do tempo, ensaboando as suas costas, o pescoço, e você fica com cara de paisagem-fim-de-tarde, esperando o banho acabar.
Ou é o abraço desengasga, esse faz você correr o risco de engolir o dente que acabou de implantar.
Tem o mezzo abraço/mezzo beijo, o sicrano não sabe se te abraça, se te beija, se te junta, se te cata e você...  menos ainda. 
O abraço e o vento levou é o pior deles; você está lá... distraído, de repente vem o cara com tudo e te abraça por trás.
Quem dá o abraço clinch, geralmente, é um fulano grandão e sarado; desse, ninguém consegue se desvencilhar e paga o maior mico, com o cara atarracado.
O abraço quadrilha junina é muito chato. O beltrano não fica de frente para você, ele passa o braço nas suas costas, na altura da cintura, e fica de ladinho - cutucando o seu baço (ou o seu fígado).
E o último, é o mais tradicional de todos os abraços chatos: é o o-quê-que-eu-faço-agora? o fulano debruça no seu ombro, aperta, funga no seu cangote, amassa os peitos, encosta a perna na sua e.... não te larga mais.

Eu não sei... e você, sabe?

Ao ver uns broches com motivos infantis, numa loja de bijuterias, perguntei para a balconista:
- "O que é isso? São pins?"
- "Não", ela disse, "são Jibbitz"
- "E para que servem?", indaguei, curiosa
- "Para colocar nos Crocs" disse ela, naturalmente
- "Hã? Não entendi", já com cara de espanto
- "A senhora não sabe o que é um Crocs?" 
- "Não. E você? Sabe qual é a capital da Turquia?" - apelei
- "Não sei, não" - respondeu com indiferença
- "Deveria saber porque você estudou Geografia em algum momento da sua vida" - e dei as costas
Pois é, balconista está para jibbitz e crocs, assim como cultura está para Ancara.

Memorial Descritivo do Pedreiro

Pedreiro é aquele profissional que não executa o serviço se não adiantarmos o pagamento e caso o pagamento seja adiantado, ele não faz porque já recebeu.

O pedreiro não adotou o calendário egípcio, gregoriano, hebreu nem o maia. Ele criou o seu próprio, no qual prevalece uma data móvel: o “depois de amanhã”.

Com raras exceções, o pedreiro é estimulado etilicamente. Se ele bebe não faz o que é preciso e se não bebe não tem motivação nenhuma para fazê-lo.

Há duas formas de tratamento para se referir a ele. Ou é chamado pela naturalidade, seja ela adotada ou não: Alemão, Mineiro, Baiano ou é chamado de “Seu”: Seu Zé, (muito comum), Seu Manoel, Seu Dito.

É madrugador, o pedreiro. Chega ao local da obra lá pelas 7h da manhã e às 16h diz que “precisa sair mais cedo” alegando buscar o filho na escola porque a mulher está internada e a sogra viajou.

Pedreiro é um admirador da linha Volkswagem. Seu meio de transporte pode ser um Gol “Bolinha”, ou um Fusca, mas a predileção mesmo era pela saudosa Brasília!

Os compromissos financeiros do pedreiro vencem, todos, num mesmo dia da semana: no sábado. É quando ele depende do nosso desembolso para pagar o aluguel, a conta de luz, o posto de gasolina e o bar!

A compleição física do pedreiro é muito semelhante entre eles: geralmente magra, os cabelos (se não são carapinha) são assentados com uma pasta brilhante.

O pedreiro, quando fumante, prestigia o cigarro importado do Paraguai; o celular é sempre colorido; a camiseta é de propaganda política e o boné, de fabricantes de válvulas de ignição.

Geralmente, o ajudante do pedreiro é o filho mais velho, aprendiz da profissão, que sempre o acompanha quando tem “massa prá fazê”.

O seu prato predileto é o cheio, bem cheio, e o palito é um ritual de deleite, usado até para assepsia bucal.

Às vezes, o fígado dói na segunda, a coluna chia na sexta, mas afora isso, o pedreiro tem uma saúde de ferro.

O fato do pedreiro não ter freqüentado os bancos escolares não faz dele um inculto.  Apesar de não se importar com as concordâncias gramaticais tem um vasto vocabulário para expressar os sentimentos, sejam eles quais forem.

E é ele, o valoroso profissional, que enquanto se dedica à construção das edificações, destrói a nossa paciência, bom senso e equilíbrio nos deixando cheios de esperança no “depois de amanhã”.