terça-feira, 17 de julho de 2012

Memorial Descritivo do Pedreiro

Pedreiro é aquele profissional que não executa o serviço se não adiantarmos o pagamento e caso o pagamento seja adiantado, ele não faz porque já recebeu.

O pedreiro não adotou o calendário egípcio, gregoriano, hebreu nem o maia. Ele criou o seu próprio, no qual prevalece uma data móvel: o “depois de amanhã”.

Com raras exceções, o pedreiro é estimulado etilicamente. Se ele bebe não faz o que é preciso e se não bebe não tem motivação nenhuma para fazê-lo.

Há duas formas de tratamento para se referir a ele. Ou é chamado pela naturalidade, seja ela adotada ou não: Alemão, Mineiro, Baiano ou é chamado de “Seu”: Seu Zé, (muito comum), Seu Manoel, Seu Dito.

É madrugador, o pedreiro. Chega ao local da obra lá pelas 7h da manhã e às 16h diz que “precisa sair mais cedo” alegando buscar o filho na escola porque a mulher está internada e a sogra viajou.

Pedreiro é um admirador da linha Volkswagem. Seu meio de transporte pode ser um Gol “Bolinha”, ou um Fusca, mas a predileção mesmo era pela saudosa Brasília!

Os compromissos financeiros do pedreiro vencem, todos, num mesmo dia da semana: no sábado. É quando ele depende do nosso desembolso para pagar o aluguel, a conta de luz, o posto de gasolina e o bar!

A compleição física do pedreiro é muito semelhante entre eles: geralmente magra, os cabelos (se não são carapinha) são assentados com uma pasta brilhante.

O pedreiro, quando fumante, prestigia o cigarro importado do Paraguai; o celular é sempre colorido; a camiseta é de propaganda política e o boné, de fabricantes de válvulas de ignição.

Geralmente, o ajudante do pedreiro é o filho mais velho, aprendiz da profissão, que sempre o acompanha quando tem “massa prá fazê”.

O seu prato predileto é o cheio, bem cheio, e o palito é um ritual de deleite, usado até para assepsia bucal.

Às vezes, o fígado dói na segunda, a coluna chia na sexta, mas afora isso, o pedreiro tem uma saúde de ferro.

O fato do pedreiro não ter freqüentado os bancos escolares não faz dele um inculto.  Apesar de não se importar com as concordâncias gramaticais tem um vasto vocabulário para expressar os sentimentos, sejam eles quais forem.

E é ele, o valoroso profissional, que enquanto se dedica à construção das edificações, destrói a nossa paciência, bom senso e equilíbrio nos deixando cheios de esperança no “depois de amanhã”.

2 comentários:

Dom Moleiro disse...

Maci,gostei muito do seu blog .Você tem um estilo uma ironia fina que me agrada bastante .
Quanto ao extrato de nogueira, não utilizo por ser um produto de baixa eficiência ,pois depois de um tempo aplicado começa a se soltar da madeira arruinando qualquer trabalho.Utilizo tingidor de madeira a base de água ,que além de ser ecológico tem diversos tons de madeira .
Abraços

O meu pensamento viaja disse...

O meu pedreiro é igual ao seu!
A sua ironia é irresistivelmente viciante.
Como é que a encontrei hoje? Como?